Como ser um bom pai de Taekwondista

Existe conduta adequada para os pais de jovens atletas? Será que eles podem torcer? Como devem se comportar em torneios? Qual atitude deve ser tomada diante de vitórias e derrotas de seus filhos?




Muito se discute sobre a participação dos pais na vida esportiva dos filhos principalmente a partir dos doze anos de idade, quando geralmente começa o envolvimento dos jovens nas competições e treinamentos mais rigorosos. Muitos profissionais do esporte acreditam que os pais atrapalham no desenvolvimento esportivo dos filhos, seja pela constante expectativa de sucesso que gera uma pressão psicossocial muito grande ou por seus comportamentos indevidos nos treinos e competições além de outros motivos de ordem diversa.

Esse pensar é apenas um lado da realidade, pais de filhos esportistas nessa faixa etária são agentes influenciadores por natureza e a repercussão desse fenômeno pode ser positiva, afinal de contas são os pais que muitas vezes “apresentam” o esporte aos filhos e dão as condições básicas para o ingresso nessa etapa da vida.
Nos esportes individuais, principalmente, onde cada ação pode corresponder imediatamente ao sucesso ou fracasso em termos de resultado como é o caso do taekwondo, natação, tênis e outros, é de fácil observação e constatação que o impacto da experiência esportiva pode gerar consequências inoportunas como ansiedade excessiva, decepção e tristeza.

Isso decorre principalmente onde o ambiente esportivo é muito exigente no que se refere ao desempenho. Nesse ambiente, pais, treinadores e demais adultos envolvidos transmitem às crianças, quase que naturalmente e muitas vezes, sem perceberem, uma atmosfera de tensão além daquilo que a própria competição sugere e, por conseguinte, há uma exacerbação das emoções como se cada experiência competitiva fosse o acontecimento mais importante da vida.

Para evitar que isso ocorra ou ao menos amenizar tais reações negativas frente ao desempenho, é primordial que o desenvolvimento da saúde física, mental e emocional do jovem aprendiz (lembre-se: as crianças-atletas são aprendizes, por melhor que pareçam ser!), seja o grande objetivo. Satisfação em melhorar e ter a percepção de desenvolvimento próprio, independentemente de resultados, é bem mais importante do que o próprio resultado esportivo de uma competição entre crianças.

Não obstante, se crianças deveriam ou não competir, é preciso agir com maturidade e conhecimento, pois é quase impossível evitar que competições existam entre crianças e jovens. Aliás a melhor forma de encarar a competição é torná-la uma experiência de divertimento e quanto mais o jovem competir, maior a tendência de se adaptar, adquirir tranquilidade e naturalidade diante disputas esportivas.
Infelizmente, não é incomum presenciar comportamentos inadequados de pais em competições acompanhando seus filhos. As atitudes erradas podem ir desde um destempero com seu rebento após uma derrota, até brigas entre pais de atletas por decisões de arbitragem, questionamentos quanto ao trabalho que vem sendo realizado pelo professor etc. Será que os genitores que tomam esse tipo de atitude sabem o quanto e como estão influenciando seus filhos?

A Psicologia do Desenvolvimento já demonstrou que as atitudes dos pais em diferentes contextos irão influenciar os comportamentos dos filhos muito mais do que as palavras proferidas. Muitos comportamentos das crianças são aprendidos por simples observação e até por imitação de seus genitores.
Quando nascem, infelizmente as crianças não vêm com um manual de instruções de envolvimento nos esportes, e a maioria dos pais teve pouco treinamento em como ter sucesso com os filhos nesse contexto. Além disso, à medida que as crianças se desenvolvem e amadurecem, o papel dos pais no esporte muda.
Pesquisas verificaram que os pais podem desempenhar um papel altamente positivo e/ou negativo na experiência esportiva das crianças, adolescentes e jovens. O desafio é identificar as formas com que os pais podem afetar positivamente a experiência das crianças e encorajálos a empregarem essas práticas. Simultaneamente, deve-se verificar ações negativas e facilitar os esforços para eliminá-las.
Como tratar o adolescente?
Nem sempre a relação entre pais e filhos é harmoniosa. Principalmente na adolescência, as relações se tornam mais complexas, pois a criança está entrando no mundo adulto e, consequentemente, tendo mais autonomia.
Alguns pais se queixam que seus filhos não conseguem manter resultados consistentes por um período longo. Mas é comum que os resultados oscilem em demasia nessa fase da vida. Trata-se de uma etapa vulnerável e de muitas transformações. Por que não seria também nos resultados esportivos?
Também é comum ouvirmos jovens atletas dizendo: "Jogo principalmente para agradar o meu pai", ou "Sinto-me horrível quando perco uma partida e minha mãe não para de falar de meus erros na volta para casa".
Mais raro é ouvir: "Motivei-me quando meu pai apenas me olhou e gesticulou algo bacana para mim. Aquilo fez com que eu melhorasse minha autoestima naquele momento", ou "É bom saber que, ganhando ou perdendo, terei meus pais me abraçando ao final da partida. Isso me deixa tranquilo para continuar o meu trabalho". Contudo, deveria ser assim.

Pais devem compreender que seus comportamentos influenciam 
diretamente na evolução das crianças

Esporte não é só glamour
A maioria das pessoas só pensa na parte bela do esporte, no glamour, no dinheiro e na fama. No entanto, isso, na carreira de um atleta de alto nível, é raro. Comum é uma vida de privações, de momentos solitários longe da família e dos amigos. Situações que costumam ocorrer muito cedo na vida de jovens taekwondistas. A vida deles não é simples. Geralmente, eles se dividem em duplas jornadas. A primeira na escola, onde, muitas vezes, não têm tempo para se dedicar, mas são cobrados por um bom desempenho. A segunda, na modalidade. Então, sobra pouco tempo para tarefas diferentes, festas, namoros, amizades. Comum na vida deles é a pressão por resultados, o estresse, a ansiedade, o cansaço físico e mental.
Muitos atletas pulam etapas importantes do desenvolvimento emocional. Competição em demasia não contribui para um amadurecimento psicológico adequado. Não são todos os que conseguem se adaptar a essas situações. Nesses aspectos os pais deveriam ser o porto seguro de seus filhos e não geradores de mais angustias.
Se o pai entende do esporte que seu filho pratica, isso, às vezes, pode ser um agravante, por querer interferir nas atuações de uma comissão técnica. Com filhos de ex-atletas, essas situações podem ser piores. Suas carreiras podem servir de exemplos, mas não como diretrizes. Afinal, pais e filhos são pessoas diferentes e os momentos também não são os mesmos, as circunstâncias e as contingências da vida são outras. Cuidado, a trajetória de um familiar ex-atleta pode ser completamente diferente das necessidades atuais de um jovem iniciante.
Dicas de comportamento para os pais
- Concentre-se fundamentalmente na maneira como seu filho lutou e não nos resultados das lutas. Premie o esforço e o trabalho duro antes do êxito. Faça com que seu filho se sinta valorizado e reforce sua autoestima, especialmente quando ele perde a luta. Evite criticar os resultados.

- Dê a seu filho responsabilidades que, com o tempo, aumentarão sua autoconfiança e independência. Não deixe que ele dependa demasiadamente de você.

- Assegure-se de que o taekwondo competitivo seja uma experiência positiva para seu filho, fundamentalmente no desenvolvimento pessoal. Enfatize aspectos importantes, tais como: a esportividade, ética, melhora pessoal, responsabilidade.

- Evite que o treinamento e a competição se convertam em uma experiência negativa para você e para seu filho.
- Não faça vista grossa aos comportamentos inadequados de seu filho ("matar aula", usar palavrões, ou faltar com respeito). Não esqueça de aspectos importantes do desenvolvimento do jovem por dar prioridade ao taekwondo. Você deve estar atento e interferir imediatamente caso ele se porte mal e tenha uma conduta inaceitável.
- Compreenda que os filhos não têm somente o direito de lutar, mas também o de não lutar. Anime-o a praticar outros esportes para que conheça mais pessoas e participe de outras atividades. Evite obrigá-lo a lutar somente taekwondo.
- Esteja preparado para apoiar e ajudar emocionalmente, especialmente quando seu filho tiver problemas. Evite usar o castigo, a falta de carinho, afeto e amor como meios para que seu filho se esforce mais ou lute melhor.
- Não aumente o sentimento de culpa do jovem, fazendo-o perceber que deve a você tempo, dinheiro ou outros sacrifícios que tenha feito por ele.
- Assista as lutas e mantenha a calma tanto em situações positivas quanto negativas, para mostrar que, independentemente do resultado, você se interessa e valoriza o esforço. Evite sair da competição caso seu filho não esteja lutando bem. Enfatize o fato de que, ganhe ou perca, seu carinho por ele será igual. Evite ficar com raiva ou tratá-lo de modo diferente quando perder.
- Tente motivar seu filho a ser independente, a pensar por si mesmo. Mostre interesse pelo taekwondo dele, assistindo de vez em quando algumas competições. Deixe claro que ele é quem compete e que, se ele quiser, você verá as lutas e o incentivará. Evite estar presente em todos os treinamentos e competições e usar termos como: "Treinamos", como se fosse você a participar das lutas também.
- Compreenda que os taekwondistas necessitam de tranquilidade quando perdem uma luta. Um tapinha carinhoso nas costas ou uma frase de ânimo são suficientes quando um lutador sai da área de competição. Assim que ele estiver mais calmo, você poderá comentar a luta. Evite obrigá-lo a conversar imediatamente depois da luta.
- Tente passar uma imagem positiva de alegria e calma durante as lutas. Evite mostrar emoções negativas, parecendo nervoso ou chateado junto a área de luta quando, por exemplo, seu filho cometer um erro bobo.
- Compare o progresso de seu filho com suas próprias habilidades e objetivos. Evite comparar o progresso dele com o de outros jovens.
- Estabeleça linhas de comunicação claras e tente reunir-se regularmente com o professor para saber a evolução de seu filho e comentar sobre seus objetivos.
- Compreenda que o professor é um profissional qualificado, que pode ajudar em muitos aspectos, tanto no taekwondo quanto fora dele, e também pode ajudá-lo a saber mais sobre o esporte. Colabore com ele, auxiliando-o a compreender melhor a personalidade e sentimentos de seu filho.
- Não evite encontrar-se ou falar com o professor. Mas evite pensar que o professor é um simples empregado e que tem, unicamente, interesse profissional.
- Mantenha-se no seu papel de pai. Evite ser o técnico de seu filho (discutindo a técnica, estratégia, etc).
- Experiências anteriores dos pais no esporte não querem dizer que tenha conhecimento amplo sobre treinamentos. Confie no professor de seu filho e entenda que ele está preparado para treina-lo. Para isso procure um profissional formado em educação física. Esse profissional vai ter conhecimento sobre as etapas do desenvolvimento humano e saberá que metodologia utilizar em cada fase da vida de seu filho. Sempre que tiver dúvida consulte esse profissional.

Fonte: http://revistatenis.uol.com.br / http://www2.uol.com.br 


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